Laços da maternidade: solidariedade que passa de mães para filhos na Saúde do Ceará

10 de maio de 2024 - 10:58 # # # # #

Assessoria de Comunicação do Hemoce, do HSM e da CCC
Texto: Emmanuel Denizard, Milena Fernandes e Márcia Catunda
Fotos: Emmanuel Denizard, Milena Fernandes, Márcia Catunda e Arquivo Pessoal
Arte Gráfica: Iza Machado
Edição: Ariane Cajazeiras

Na semana que antecede o Dia das Mães, comemorado no próximo domingo (12), a Saúde do Ceará, por meio de uma série de reportagens, explora a força e a beleza dos laços que as unem aos filhos, transcendendo os desafios e celebrando essa jornada única. Na quinta e última reportagem, você confere as histórias de exemplos que passam de mães para filhos em unidades da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).

No Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), Rosa Amorim, que já doou sangue 27 vezes, vê com orgulho os dois filhos também se tornarem voluntários. Na Casa de Cuidados do Ceará (CCC), Rosa Lúcia, que já tem filhos adultos, “adota uma bebê”: a própria mãe, que tem princípio de demência. Conheça ainda o relato de Ester e Luciana Queiroz, mãe e filha que se apóiam no tratamento realizado no Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM). Boa leitura!

Quando a doação de sangue se torna motivação em família

Ser mãe é ser o primeiro e principal exemplo de doação para um filho: é se doar inteiramente sem esperar receber nada em troca. É com esse sentimento que a voluntária do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (Hemoce), Rosa Amorim, 42, inspira e é exemplo para os filhos quando o assunto é solidariedade.

Na última quinta-feira (9), ela foi até a sede do Hemoce, em Fortaleza, acompanhar os filhos Ruan Serafim, 20, e Ramon Serafim, 16, que doaram sangue juntos, em comemoração ao Dia das Mães. Na ocasião, o primogênito realizou a quinta doação de sangue e o mais novo doou pela primeira vez. A família foi ao hemocentro compartilhar a solidariedade que “corre nas veias”.

Rosa sabe bem da importância do ato. Durante a gestação do primeiro filho, a advogada precisou realizar transfusão de sangue. “Em 2003, tive uma gestação bem complicada e no parto precisei receber bolsas de sangue. Após esse período, me tornei doadora voluntária e regular de sangue. Tenho o Rh negativo e sei o quanto é necessário. Já doei 27 vezes”, relembra.

Ruan e Ramon seguem o exemplo da mãe e doam sangue no Hemoce

Depois de anos ajudando a salvar vidas, Amorim teve uma grande emoção em 2019, quando trouxe o filho mais velho para doar sangue pela primeira vez no Hemoce, após completar 16 anos. E mais uma vez a história se repetiu neste mês, quando trouxe o filho mais novo Ramon, para realizar sua primeira doação.

“É muito satisfatório ver o Ramon continuando o nosso ciclo. Os pais que fizeram as primeiras doações, depois veio o irmão e agora ele, compartilhando este gesto de solidariedade. Chego até me emocionar, porque é uma atitude que partiu dele fazer essa doação aos 16 anos e por ele continuar com esse ato de amor que salva vidas. Meus filhos se espelharam em mim e no pai, que também é doador. Primeiramente, pela necessidade que eu tive no passado e depois por entenderem que a doação de sangue é uma prova de amor, onde doamos e recebemos de pessoas que nem nos conhece, mas que decidiram ajudar o próximo, isso é muito bonito e empático. Meus filhos sempre me acompanham nas minhas doações e eu vou nas deles”, ressalta.

A voluntária conta com orgulho o prazer de exercer a missão da maternidade. “Ser mãe é ter um coração batendo fora do peito para sempre. É ter um pedacinho de mim fora do meu corpo. E ter dois filhos que seguem meu exemplo como doadores de sangue e captadores de novos doadores é um orgulho”, revela.

Seja um jovem doador

Para se candidatar à doação de sangue, é preciso estar saudável, bem alimentado, pesar acima de 50 kg, ter entre 16 e 69 anos e apresentar um documento oficial com foto. Os menores de idade devem portar o Termo de Consentimento padrão assinado pelos pais ou responsável legal. O documento está disponível no site do hemocentro.

Mãe e filha fazem tratamento psiquiátrico no mesmo hospital e estão sempre juntas, uma apoiando e acompanhando a outra

A aposentada Ester Queiroz, de 75 anos, diagnosticada com transtorno afetivo bipolar é paciente do Ambulatório de Psicogeriatria do Hospital de Saúde Mental Professor Frota Pinto (HSM), unidade da Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa).“Faz muito tempo que venho a esse hospital, nem lembro exatamente há quantos anos. Só sei dizer que esse tratamento é muito importante para minha saúde mental e não falto de jeito nenhum no dia da consulta”, afirma Ester.

A filha dela, Luciana Lopes de Queiroz, de 43 anos, diagnosticada com esquizofrenia, também faz tratamento psiquiátrico no HSM. Ela é acompanhada pelos profissionais do Hospital Dia Lugar de Vida. “Eu venho todos os dias, menos no fim de semana, fico das 8h às 17h. Aqui é muito bom, pois converso com psicólogo, psiquiatra, tem musicoterapia e pintura. Gosto demais e me sinto bem melhor com a medicação indicada”, revela.

Ester e Luciana se apóiam no tratamento no HSM

Mãe e filha fazem tratamento no mesmo hospital. Uma acompanha a outra. Apesar de serem diagnosticadas com transtornos psiquiátricos importantes, uma compreende a necessidade da outra e se dedicam inteiramente ao cuidado mútuo. “Eu sempre faço questão de acompanhar minha mãe no dia da consulta dela no ambulatório e ela também nunca deixa de estar presente nas reuniões familiares do hospital dia, onde faço tratamento. Somos uma pela outra sempre”, afirma.

Apesar dos problemas de saúde, o amor de mãe prevalece e dona Ester sempre comparece ao grupo terapêutico realizado pelo psicólogo do Hospital Dia para poder lidar melhor com o transtorno da filha. “Tenho outros filhos, mas a Luciana precisa mais de mim nesse momento. Mesmo com dificuldade, pois recentemente tive um problema de saúde, um princípio de AVC (acidente vascular cerebral), eu faço questão de vir ao hospital, pois preciso cuidar dela. Apesar das minhas limitações, ainda consigo me doar para minha filha e isso é o que importa para mim”, ressalta.

O psicólogo do HSM, Wesley Ramos, explica que esse apoio e carinho entre mãe filha ajudam na melhora do tratamento. “O apoio mútuo entre mãe e filha é fundamental para o progresso do tratamento de ambas. Esse laço de carinho e cuidado que uma tem pela outra fortalece a relação terapêutica e promove uma melhora significativa em suas condições. Quando há esse suporte emocional, há um aumento na motivação para seguir com o tratamento, um sentimento de conforto e segurança que contribui para a estabilidade emocional. Além disso, o envolvimento ativo da mãe em compreender e participar do tratamento da filha ajuda a criar um ambiente mais saudável para ambas, o que pode acelerar a recuperação e a qualidade de vida das duas,” frisa Ramos.

“Meus filhos são adultos, agora só tenho ela como minha bebê”, relata filha cuidadora da mãe na CCC

Uma queda em casa mudou a rotina de Maria Almeida, 79, e de seus familiares. Ela teve problemas de locomoção, sendo necessário um processo de reabilitação para a idosa que, no momento, encontra-se acamada. Além disso, dona Maria também recebeu diagnóstico de cirrose e suspeita de demência e está em tratamento para reabilitação da fala e melhorias no processo de deglutição.

Ela ficou internada por quase um mês no Hospital São José e depois foi transferida para a Casa de Cuidados do Ceará (CCC), onde permanece em tratamento desde o dia 20 de fevereiro. Maria Almeida tem três filhas. Uma delas é Rosa Lúcia de Almeida, 57, que atua como uma das cuidadoras da mãe.

Maria e Rosa Lúcia: uma relação de filha e cuidadora

Ela relata que nunca havia atuado como cuidadora de alguém, mas conta que a assistência proporcionada na CCC foi fundamental para adquirir conhecimentos sobre a área e proporcionar mais conforto e qualidade no tratamento da idosa.

“Eu participei do último curso de cuidadores promovido pela Casa e procuro também estar presente nos treinamentos. Aqui foi uma verdadeira escola para mim, aprendi a dar banho, trocar fralda, dar medicamentos, entre outras atividades”, conta. “Fiz amizades no curso, até senti falta de alguns colegas cuidadores que foram embora porque o paciente recebeu alta”, acrescenta.

Apesar dos desafios, a jornada fica mais leve com o apoio da equipe multidisciplinar, formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas e fonoaudiólogos, além da dedicação da família. As irmãs fazem revezamento nos cuidados com a mãe, sendo Rosa a mais velha entre elas. “Eu venho com mais frequência por ter mais tempo livre, mas minha irmã mais nova parou de trabalhar para também poder ajudar nos cuidados”, explica.

Rosaa tem boa experiência na maternidade, pois é mãe de seis. Mas, diz ter ganhado uma nova filha. “Meus filhos são adultos, agora só tenho ela como minha bebê. Retribuir os cuidados que ela teve comigo durante a minha vida, é o mínimo que posso fazer e faço com o maior prazer”, afirma.

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