Avanços da Doação de Sangue

 

Na solenidade em comemoração aos 40 anos do Hemoce, a instituição recebeu uma homenagem em Sessão Solene na Assembleia Legislativa do Ceará. O requerimento foi iniciativa da deputada estadual, Lia Gomes (PDT). Durante a solenidade, o hematologista e ex-diretor do Hemoce, Dr. Ormando Rodrigues, proferiu um discurso destacando os avanços.

 

Confira abaixo:

 

“Nas décadas de 50 a 70, do século passado, um dos grandes problemas da saúde no Brasil era a transfusão de sangue.

 

A atividade médica comandada pelos banco de sangue privados, visava principalmente o lucro monetário, pouco se preocupando com a saúde do doador e muito menos com os pacientes receptores dos produtos derivados do sangue.

 

A OMS preocupada com o problema, enviou ao Brasil um dos seus conselheiros para fazer um relatório abordando a real situação no nosso país. Aqui em Fortaleza um grupo de médicos, liderados pelo Dr. Laerte de Paula Colares, fundou um Serviço de Hemoterapia e Hematologia, que segundo ele, seria o embrião de um grande banco de sangue que chamaria de Cesangue.

 

Concomitantemente, outro grupo chefiado pelos professores da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Ceará, José Galba Araújo e José Murilo de Carvalho Martins, tomou iniciativa de criar o Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (HEMOCE). Essa instituição tinha como objetivos:

 

1. incentivar a doação voluntária, altruísta e anônima de sangue;

 

2. centralizar a coleta e distribuição do sangue e de seus elementos fracionados;

 

3. evitar desperdício ou falta do produto;

 

4. prestar assistência médica a comunidade no campo da atividade;

 

5. ministrar o ensino a nível de graduação, pós-graduação e técnico nos ramos da hematologia e hemoterapia e especialidades correlatas;

 

6. desenvolver a pesquisa no seu campo de ação.

 

A visita do emissário da OMS resultou em um relatório minucioso da situação hemoterápica brasileira originando a criação de um convênio entre o Brasil e a França.

 

O projeto do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Ceará (HEMOCE), apresentado ao Professor Pierre Cazal, diretor do Centro de Transfusão Sanguínea de Montpellier (França) tinha também como objetivo enviar técnicos brasileiros àquele país, que possuía um exemplar sistema de hemocentros com tecnologia avançada.

 

Vários estados brasileiros enviaram candidatos entre médicos, enfermeiros e bioquímicos, para se especializarem em algumas cidades da França. De Fortaleza foram, inicialmente os doutores Maria Helena Pitombeira e Ormando Rodrigues Campos, respectivamente para Paris (Hôpital Saint-Louis) a e Montpellier (Centro de Transfusão Sanguínea de Montpellier).

 

Em Fortaleza a construção do futuro centro logo teve início, sendo inaugurado em abril de 1979. Entretanto, somente em 1983 iniciou seu funcionamento o que motivou o prédio ser chamado de “elefante branco”.

 

Talvez esse lapso de tempo tenha servido para turbinar o desenvolvimento do que seria o futuro Hemocentro. Hoje existe no Ceará uma organizada rede de cinco hemocentros: Fortaleza, Sobral, Crato, Iguatu, Quixadá e o Hemonúcleo de Juazeiro do Norte, todos em pleno funcionamento, atendendo 100% dos serviços públicos de saúde, o que nos coloca no país em primazia organizacional.

 

Nossos doadores são, na sua quase totalidade, doadores espontâneos, voluntários, altruístas e anônimos, o que também nos diferencia dos congêneres nacionais.

 

É praticamente impossível enumerar os passos vitoriosos alcançados pelo HEMOCE nos seus 40 anos de existência (oportunamente lançaremos um livro detalhando as ações). Hoje somos uma referência nacional, sendo visitado por técnicos de vários estados, procurando subsídios para alavancarem seus serviços. Para encerrar gostaria de citar alguns dados que fazem parte das atividades do HEMOCE:

 

1- número mensal de coletas: 8.000 a 10.000 coletas

 

2- atendimento a todos os leitos do SUS próprios e contratados desde 2012;

 

3- cobertura aos 184 municípios do estado do Ceará e mais de 500 serviços de saúde;

 

4- envio de células para transplante de medula óssea para o Brasil e outros países, como Itália, França, Argentina, Estados Unidos, Portugal, Canadá, Alemanha e Turquia;

 

5- realização de testes de biologia molecular para todos os doadores das hemorredes do Ceará, Piauí e Maranhão;

 

6- transplantes de medula óssea: atendimento a 5 equipes de transplante, com mais de 800 transplantes já realizados;

 

7- certificações pela Norma ISO 9001 desde 2012 no Hemocentro de Fortaleza, que também tem acreditação internacional pela AABB (Associação Americana de Bancos de Sangue);

 

8- implementação de ações de manuseio do sangue do paciente em âmbito estadual, com disponibilidade de recuperação intraoperatória de sangue para cirurgias cardíacas e transplantes do SUS, infusão de ferro, uso de eritropoetina e outras ações, sendo instituição de referência nacional nessa área.

 

Sem dúvida somos vitoriosos e podemos, com muito orgulho, festejar nossos 40 anos.

 

Obrigado.”